terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Pesquisadores descobrem como desapareceu 1º Império Mesopotâmico

"O Império Acádio, primeiro Estado mesopotâmico semita, bruscamente se desintegrou e desapareceu há uns 4.200 anos por causa de secas e tempestade de areia, que privaram a cidade de todas as reservas de água, revela estudo publicado na revista PNAS.

De acordo com a equipe de pesquisadores, civilizações surgem e desaparecem por várias razões, e as causas do desaparecimento do Império Acádio parecem controversas. A coincidência de tempo de grandes transformações com civilizações do Egito e do Vale do Indo, que são da mesma época, tem levado historiadores a proporem causa climática.

Sedimentos do mar Vermelho e do golfo de Omã, entre outros proxies paleoclimáticos, foram usados anteriormente para sugerir que a Ásia ocidental experimentou pelo menos um grande período de seca nessa época, mas os dados eram imprecisos para garantir causa do colapso acadiano, segundo estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford (Reino Unido).

A Suméria, o Antigo Egito e a civilização do Vale do Indo são as três civilizações mais antigas do planeta. Suméria, por exemplo, surgiu uns 6.000 anos atrás em forma de uma grande comunidade de cidades-estado que negociavam e hostilizavam um ao outro.

Em meados do terceiro milênio antes de Cristo, o rei Sargão, o Grande, conquistou todas as cidades-estado, unindo-as no Império Acádio com leis, regras comerciais e outros traços da civilização moderna. Apesar de ser considerada uma das potências mais fortes da época, ela desapareceu 200 anos depois de ser criada.
Os motivos do desaparecimento permaneceram sendo buscados por historiadores, que sugerem diferentes versões, desde insatisfação da população com autoridades centrais e luta contra Sargão e seus descendentes, até invasão de nômades que teriam devastado o país e minado o prestígio do rei.
Recentemente, pesquisadores começaram a sugerir catástrofe climática como causa do colapso da Suméria. Escavações na Síria mostram que o Oriente Médio, em 2200 a.C., enfrentou seca fortíssima que destruiu todas as grandes cidades na região.

Stacy Carolin e seus colegas encontraram primeiras provas sólidas dessa teoria, examinando estalactites, que se formaram durante últimos cinco mil anos em uma gruta no norte do Iraque.
Essas formações rochosas consistem em "anéis anuais", cuja espessura, composição química e isótopo refletem a quantidade de água na gruta em tempos diferentes de formação. Então, elas podem ser usadas como uma "crônica" climática que mostra mudanças em temperatura e nível de precipitações atmosféricas durante os tempos.

A gruta estava perto das regiões do norte do Império Acádio e tinha mais ou menos o mesmo nível de precipitações da Suméria, o que permitiu reconstruir o clima da época do colapso.
Pesquisadores descobriram que a primeira superpotência da Mesopotâmia foi destruída por razões climáticas. Uns 4,26 mil anos atrás, o crescimento de estalactites diminuiu bruscamente, ou seja, houve uma diminuição brusca de precipitações atmosféricas. A seca durou mais de três séculos, o que coincide com o tempo de renascimento da Mesopotâmia e aparecimento da Babilônia.

Além disso, pesquisadores registaram um crescimento de magnésio e cálcio nos "anéis anuais", o que fala do início de tempestades de areia. Os cataclismos deveriam ter acelerado o colapso da Acádia, privando seus agricultores da possibilidade de cultivar mesmo havendo muita água.

Vale destacar que não foi a primeira vez que secas e tempestades de areia sacudiram a Mesopotâmia. 

Há uns 4,5 mil anos, os abalos não foram tão prologados, durando apenas um século mais ou menos, mas podem ter sido fundamentais para enfraquecimento de cidades-estado e criação do império de Sargão, que desapareceria na próxima estação de tempestade de areia, concluíram pesquisadores." (Fonte: Jornal do Brasil/Sputnik)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Feliz Solstício de Inverno 2018

"O Solstício de Inverno ocorrerá no dia 21 de dezembro de 2018 às 22h23min, marcando o início da estação no hemisfério norte (a mais fria apesar da Terra vir a estar o mais perto do sol a 3 de janeiro). O sol neste dia de solstício estará o mais baixo possível no céu em Lisboa e aquando da sua passagem meridiana atingirá a altura mínima de 28° .

A tabela abaixo mostra que a duração do dia no Solstício de Inverno é efetivamente a mais curta. A 21 de dezembro de 2018 o disco solar nascerá às 07:51:04 horas e pôr-se-á às 17:18:07 horas em Lisboa.

A duração do dia será de 09:27:03 horas, o que é apenas 1 segundo a menos do que no dia seguinte.


O Inverno prolonga-se por 88,98 dias até ao próximo Equinócio, a 20 de março de 2019.

Solstícios: pontos da eclíptica em que o Sol atinge as alturas (distância angular) máxima e mínima em relação ao equador, isto é, pontos em que a declinação solar atinge extremos: máxima no solstício de Verão (+23° 26′) e mínima no solstício de Inverno (-23° 26′). A palavra de origem latina (Solstitium) associa-se ao facto do Sol travar o movimento diário de afastamento ao plano equatorial e “estacionar” ao atingir a sua posição mais alta ou mais baixa no céu local. (Fonte: Observatório Astronómico de Lisboa)
 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Dhammapada - “O Caminho da Sabedoria do Buda”

«Todos os fenómenos da existência têm a mente como origem, a men­­te como o seu supremo líder, e da mente eles são feitos. Se com uma mente pura alguém fala ou age, a felicidade (sukha) persegue-o co­mo uma sombra (chaya) que nunca o deixa.»
Buddha
Sutra 1 do Dhammapada

«A tradução do texto completo do Dhammapada em Pali, que sur­ge agora pela primeira vez em Português, representa um precioso tesouro espiritual pela transcendência da sua mensagem, e que, por isso, ultrapassou as fronteiras da Índia, tornando-se património de toda a humanidade. Pilar incontornável da poesia ética de tradição kavyá da Índia clássica, abre o caminho do aperfeiçoamento humano pela edificação das virtudes e pela denúncia da vaidade e do ego, da ignorância e da dor. (...) Buddha transmitiu o seu conhecimento por via oral e nada deixou escrito, limitando-se a seguir a tradição secularíssima da exposição da sabedoria ilustrada por aforismos, tal como todos os sábios e filósofos do Extremo Oriente e do Oriente Médio o fizeram durante milhares de anos.»
José Carlos Calazans
In Introdução

«A figura de Buddha e a sabedoria que irradiam dos seus ensinamentos são, para a Humanidade, e mesmo em pleno século XXI, uma luz nas trevas, um farol no agitado mar da vida humana. Nenhuma outra religião reconhece tanta importância às descobertas da própria consciência, à serena reflexão, à busca do saber. O próprio Buddha ensinava que não devíamos aceitar, de maneira nenhuma, aquilo que a nossa mente e o nosso coração não reconhecem como válido, ainda que estivesse escrito ou fosse dito pelo maior dos sábios.»
José Carlos Fernández
In Posfácio
(Fonte: Wook)

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Antigo túmulo intato de sacerdote real é descoberto no Egito

"Os arqueólogos encontraram uma tumba perfeitamente conservada, com mais de 4 mil anos de idade, na região da necrópole de Saqqara perto do Cairo, comunicou o ministro das Antiguidades do Egito, Khaled El-Anany, durante a apresentação de mais uma descoberta arqueológica.

Segundo o ministro, a tumba pertence a um sacerdote real que viveu nos tempos da quinta dinastia do Antigo Egito, cerca de 2504-2347 anos a.C.

"É uma das mais belas e significativas descobertas feitas em 2018 graças à sua pintura colorida, esculturas e ao fato de ter sido encontrada intata", anunciou o ministro.

Dentro da tumba há 18 nichos exibindo 24 grandes estátuas coloridas escavadas na rocha, que representam o proprietário e membros da sua família. A parte inferior da tumba contém mais 26 nichos pequenos com 31 estátuas de pessoas ainda não identificadas.

Khaled El-Anany explicou que a idade da tumba é de cerca de quatro mil anos, acrescentando que os cientistas irão investigar todos os artefatos.

Um grande número de embaixadores estrangeiros e membros de parlamento egípcio estiveram presentes no evento ligado à descoberta, comunica a mídia local.

No conjunto arqueológico de Saqqara, nos arredores da capital egípcia, há uma necrópole antiga, cujos primeiros enterramentos remontam à primeira dinastia dos faraós (séculos XXXI — XXIX a.C.). Um dos mais famosos monumentos de Saqqara é a Pirâmide de Djoser ou pirâmide dos degraus. (Fonte: Sputnik)

Fotos: AP Photo / AMR NABIL (SPUTNIK)

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Les Rites dits "Egyptiens" de la Maçonnerie

"De même que l'on attribue à l'Ordre Maçonni-que en général des origines légendaires — soit le Temple du roi Salomon, soit l'Ordre des Tem-pliers, soit les collèges romains d'artisans — chacun des rejetons de l'arbre maçonnique tente de se rattacher à une source aussi antique que possible. Les rites dits « égyptiens » de la Maçonnerie n'échappent pas à cette règle ; ils tiennent, au surplus, dans la grande famille triangulaire une place particulière : leur échelle d'instruction com-porte 90 degrés — sans compter les grades admi-nistratifs, qui se terminent au 98e, depuis la réforme de 1934.

Interrogeons l'abondante documentation que ces rites originaux soumettent au jugement de l'his-toire. Une première version nous est présentée par le grand propagandiste du rite de Misraïm en France, Marc Bédarride — né en 1776 à Cavaillon ..."

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Mistério da construção das Pirâmides do Egito pode ter sido finalmente desvendado

"As Pirâmides do Egito são uma beleza arquitetónica e, milhares de anos após a sua construção, continuam envolvidas em mistério. Há muito que os arqueólogos se questionam como é que os antigos egípcios construíram aquela que é a maior pirâmide do mundo, a Grande Pirâmide.

Agora, e de acordo com uma nova descoberta arqueológicas, os especialistas podem finalmente desvendar parte do mistério, percebendo como é que os enormes e massivos blocos de pedra foram movidos.

Uma equipa internacional de cientistas – do Instituto Francês de Arqueologia Oriental (IFAO), no Cairo, e da Universidade de Liverpool, no Reino Unido – detetou os vestígios de um sistema que terá sido utilizado pelos egípcios para construírem as míticas pirâmides. De acordo com os cientistas, o engenho terá sido utilizado para transportar as pedras pesadas de alabastro por uma rampa íngreme.

O que resta do sistema foi encontrado numa antiga pedreira no deserto oriental do Egito, em Hatnub, local onde os egípcios exploravam o alabastro. Segundo os especialistas, o sistema é datado de há 4.500 anos.

Esta construção milenar foi encontrada numa plataforma inclinada que tinha, em ambos os lados, escadas e aberturas. Nessas aberturas, podiam encaixar-se colunas de madeira, nas quais se podiam enrolar cordas. Posteriormente, os pesados blocos de pedra – alguns com mais de duas toneladas – fixavam-se numa espécie de “trenó” de madeira.

Depois do engenho estar pronto, explicaram os cientistas, os construtores puxavam as cordas, deslocando os blocos através da plataforma com um declive de 20 graus.

“Este sistema é composto de uma rampa central ladeada por duas escadarias com vários buracos”, disse Yannis Gourdon, co-diretor da expedição arqueológica, ao Live Science.

Roland Enmarch, outro dos arqueólogos que participou na descoberta, explicou ainda que as cordas presas ao trenó funcionavam como um “multiplicador de força”, facilitando a subida do trenó até ao cimo da rampa.a

Anteriormente, os cientistas já pressupunham a existência de construções deste género, contudo, esta é a primeira vez que o engenho é encontrado. “Este tipo de sistema nunca foi descoberto em nenhum outro lugar antes”, disse Gourdon.
Construção contemporânea do reino de Khufu
Gourdon disse ainda que, de acordo com as marcas de ferramentas encontradas e tendo também em conta duas inscrições de Khufu identificadas, os cientistas acreditam que o sistema remonta, pelo menos, ao reinado de Khufu, o construtor da Grande Pirâmide.

“Como este sistema remonta, pelo menos, ao reinado de Khufu, significa que durante o tempo de Khufu, os antigos egípcios sabiam como mover enormes blocos de pedra usando encostas muito íngremes. Portanto, poderiam tê-lo usado para a construção da sua pirâmide”, acrescentou o cientista.

A Grande Pirâmide é a maior das três Pirâmides de Gizé, construídas para cada um dos três faraós – Khufu, Khafre e Menkaure. A Pirâmide de Khufu é a maior já construída no Egito, tendo 146 metros de altura quando foi construída. A erosão e o vandalismo foram diminuindo a sua altura, que está agora em 138 metros.

A Grande Pirâmide é ainda a mais antiga das Sete Maravilhas do Mundo Antigo e a única que permanece quase totalmente intacta. E, milhares de anos depois, as pirâmides continuam a revelar mistérios ainda por resolver. (Fonte: ZAP // SputinkNews; LiveScience)

Fotos: Yannis Gourdon/Ifao e Hostelworld.com

domingo, 9 de dezembro de 2018

O Simbolismo do Natal, por Lúcia H. Galvão (Nova Acrópole)

"A presente palestra foi ministrada pela professora LÚCIA HELENA GALVÃO em 2008, onde faz relembrar as origens dos elementos que todos utilizamos por ocasião do Natal, e seus significados mais profundos - para que tornemos nossas celebrações mais conscientes e luminosas." (Fonte: Nova Acrópole)








segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

O Simbolismo da Festa de Natal, por Françoise Terseur (Nova Acropole)

"Esta festa é uma reactualização de um culto tão antigo como o mundo. A sua finalidade é muito importante, pois é um ponto de encontro entre o visível e o invisível; um instante de pausa e reflexão que permite ao homem fixar-se no tempo e espaço, fazendo deste instante um elo entre o passado, o presente e o futuro.

As formas do culto podem modificar-se com as épocas, as civilizações, as religiões, mas a sua essência é permanente e revitaliza-se graças a uma nova fé canalizada numa nova religião. Tomando vários aspectos, mas perpetuando-se através dos tempos, a sua mensagem é eterna; a sua forma muda, mas o homem que a vive é o mesmo.

A Festa de Natal faz parte desses cultos tão velhos quanto a humanidade; embora cristã na sua interpretação religiosa, ela contém em si as mesmas raízes milenárias de tradição indo-europeia, das quais fazem parte elementos célticos, germânicos, greco-romanos, entre outros. Assim, do culto cristão podemos extrair raízes pagãs que, infelizmente, foram muito mal interpretadas durante a Idade Média.

“Esta festa é uma reactualização de um culto tão antigo como o mundo. A sua finalidade é muito importante, pois é um ponto de encontro entre o visível e o invisível”

O termo pagão, que deriva do latim “paganus”, significava um camponês ou campónio. Quando Teodósio triunfou sobre o politeísmo greco-romano, numerosas povoações continuaram ainda a praticar certos cultos. Recusando submeter-se à religião dominante, foram chamados de pagãos. Mais tarde, esse termo, quase injurioso, generalizou-se a todos os povos, fazendo de incultas e ignorantes todas as civilizações anteriores ao cristianismo, tais como a Pérsia, Egipto, China, Grécia… Podemos chamá-las politeístas, monoteístas, mitológicas, mas não é correcto designa-las de pagãs.

No ritual do Natal vamos descobrir que a cerimónia da árvore e do Pai Natal vem do Norte e dos Germanos. O Pai Natal representa o Pai do Universo, velho como o tempo, que incarna toda a inteligência. Os seus brinquedos são os arquétipos celestes, os princípios imortais que são o instrumento de base e de fundação da Criação (os primeiros modelos antigos ou formas que constituem este Universo). Assim, o Pai Natal representa o começo e o fim da manifestação; ele distribui aos homens os reflexos ou imagens desses princípios, simbolizados pelos brinquedos, esperando que o homem se liberte do reflexo e se eleve até à origem das coisas. Este Pai Natal é também sábio e omnipresente, pois distribui a cada um o que lhe é devido, segundo a sua natureza e os seus actos.

árvore de Natal, eternamente verde, representa a árvore da vida que tem as suas raízes na terra, o seu vértice nas nuvens e o seu tronco como intermediário ou escada entre o visível e o invisível. Esta árvore de Natal que nos chega através dos Germanos – eles próprios a trouxeram do Oriente durante as suas migrações –, representa o universo. Asbolas multicolores não são nada mais que as esferas planetárias, as estrelas e as constelações estelares. A estrela do vértice, a “estrela” Vénus, é o símbolo do homem que encontrou um ponto de reunião entre a harmonia exterior e a interior. Esta “estrela”
Vénus anuncia o despertar do homem novo, o homem que renasce das suas dúvidas, dos seus receios e que se fixa no centro de si próprio a fim de transcender o perecível. Tal era a significação desta estrela mensageira que anuncia o aparecimento do Salvador: aquele que abrirá as trevas do Inverno ou da morte, para reconduzir a humanidade dispersa. É o amor do Divino pela humanidade, procurando reunir o Céu e a Terra ou o homem com o Deus interior.

Presépio é um dos elementos mais completos desta festividade. A gruta em que esta esperança nova ou menino Jesus vai nascer, também representa a sombria caverna do nosso ser interior. A Luz nasce da obscuridade como o Sol renasce da noite. Ela representa a matriz, o berço primordial protegido pela palha, que simboliza o elemento seco que emerge das águas caóticas da concepção. A Virgem é a natureza pura, o receptáculo imaculado, Maria, Maia, Matriz. A raiz “M”, em sânscrito, significa as águas que preparam, que protegem, que alimentam e permitem que a evolução se faça. Se Maria é o elemento passivo, Aquela que recebe, José é o elemento activo. Ele será o divino carpinteiro, Aquele que fixará, com os seus pregos, as primeiras fundações desta existência divina pois, quando os ângulos estão fixos, produz-se uma fricção. É desta reunião e fricção que vai nascer a chama.

No presépio, a vaca representa o elemento construtor, positivo da obra divina. É a que sopra o bafo quente sobre o menino em sinal de protecção. O seu leite simboliza o conhecimento, o elemento que destrói a ignorância. O seu rugido (“Meu…”) é um som constante que permite a continuidade do Princípio ou da Essência: o elemento conservador. O burro está ligado ao planeta Saturno; Seth no Egipto, princípio de transformação. “Ih – Eh” são dois sons que simbolizam a dualidade: mundo das experiências, do tempo, dos ciclos, da transformação; é o aspecto destruidor, o que destrói o perecível, o temporal. O cordeiro simboliza a pureza, a inocência e os pastores são os condutores do rebanho terrestre que irão ser suplantados por um Pastor Celeste. Os reis magos simbolizam, num dos seus aspectos, as raças da humanidade que vêm servir este novo príncipe de uma humanidade melhor e mais espiritual.

O período de Natal é igualmente importante pelo facto de coincidir com o solstício de Inverno. É a morte física para o renascimento espiritual. A vitalidade da natureza está no seu ponto descendente, mas ela pode trabalhar no interior, preparando a Primavera no coração do Inverno. Veremos que, no Egipto, Horus nasceu em Dezembro; Mitra e Agni a 25 desse mês. Todos são Deuses do Fogo interior.

Este período de festa era também assinalado pelos povos celtas. No solstício de Inverno, os druidas ou sacerdotes dos rituais sagrados, dirigiam-se a uma colina alta com um ramo de “gui” na mão. Ao bater com estes ramos na palma da mão produziam um som que tinha o poder mágico de despertar a vida. O “gui” é uma planta que tem a propriedade de aquecer tudo aquilo em que toca. Este poder de suprimir o frio e a estagnação do Inverno provém da sua cor verde, símbolo da esperança e do crescimento, da sua robustez que exprime a força de vontade e dos seus espinhos que representam as provações da vida que vão fazer trabalhar a consciência. Os druidas, ao produzirem esse som mágico apelavam ao despertar interno, refazendo com esse gesto um pacto de aliança entre os ciclos do homem e da natureza.

azevinho representa o caminho da evolução. O vermelho está ligado ao sacrifício (que significa sagrado ofício): dar qualquer coisa de si próprio a fim de adquirir algo de superior. Assim, podemos dizer que o azevinho é o aspecto activo, de transformação e o “gui” o aspecto passivo, de purificação interior.

Na América pré-colombiana celebrava-se, em determinadas épocas, a Festa do Fogo Novo, intercalada em vários ciclos e calendários (solar, agrícola, mágico, estelar). Esta celebração reproduzia-se sob diversas escalas. No seu ciclo curto, todos os anos, num período que correspondia, para nós, ao solstício de Inverno (7 acatl do calendário azteca) os povos abandonavam as suas cidades e dirigiam-se para um ponto alto da região. Celebrava-se, então, a festa menor do Fogo Novo.

Como grandes observadores que eram da natureza, tinham constatado que o sol, neste período, decresce em força e parece afastar-se da Terra. O astro solar lutava contra a força da inacção e de morte aparente, e o homem podia unir-se a esta luta velada recriando uma nova força, um novo fogo (no sentido de renovado). Assim, no silêncio da noite, o sacerdote atava dois ramos de madeira de natureza diferente (mole e duro) que produziam, por fricção, o fogo novo.
Para os povos meso-americanos, este Fogo Novo identificava-se com a serpente verde ou faísca divina da libertação. Esta chama simbolizava também o planeta Vénus, que representava Quetzalcoatl, o homem duplo, serpente-ave, aquele que reúne a dualidade e se transforma em mensageiro. Tal como Vénus, que anuncia o nascer do Sol. Quetzalcoatl anuncia uma nova era, a quinta era, a era do homem novo.

Nas tradições greco-romanas também se festejava o período compreendido entre fins de Dezembro e princípios de Janeiro sob o nome de Saturnais: IAO – SATURNALIS, tal era o grito de saudação a Saturno, senhor do tempo, da noite e do regresso à origem.

Em conclusão podemos dizer que foi nosso objectivo não só fazer uma pequena “viagem” à volta das diferentes formas de festejar o Natal, como também redescobrir o verdadeiro sentido desta festa.
Recordemos que esta tem para o homem um papel regenerador, ou seja, dá-lhe a possibilidade de revitalizar e fortificar a sua natureza interna: reunir nele aquilo que de melhor tem dentro de si. De uma certa forma, ao participar nesta festividade, o homem poderá levar uma centelha a esta chama nova, a única capaz de fundir a neve e dissipar as trevas. E o milagre do Natal reside neste grão de esperança que dorme em cada um de nós." (Autor: Françoise Terseur/Nova Acropole)